A herança Omíada que perdura em Faro
Faro
exerceu desde sempre um atrativo sobre os povos que ocuparam a região
algarvia e os Omíadas não foram exceção. Séculos após a sua
presença, perduram na cidade vestígios do seu legado, em particular
na arquitetura.
Saliente
na paisagem urbana farense e muito apreciada é o espaço muralhado,
que corresponde à atual Vila-Adentro. A muralha, que já existe
desde o tempo romano, é reforçada durante a segunda metade do
século IX, por ordem do governo de Yahyâ b. Bakr, que manda também
colocar portas de ferro. Na altura, o mar batia junto aos muros da
cidade e estava muito exposta a possíveis invasões.
Pela
entrada nascente, por quem vinha de terra, a agora denominada Porta
do Arco do Repouso recebia quem chegava. O Arco sofreu grandes
transformações no século XVIII, mas subsistem duas torres
albarrãs, mandadas erigir no século XIII e avançadas em relação
à muralha, o que constituem uma inovação defensiva, ao permitir
atacar o inimigo pelas costas.
Ainda
assim, terá sido por esta Porta que se deu a conquista de Faro pelos
Cristãos, em 1249, comandados por Dom Afonso III, que sob o arco
terá descansado, contribuindo para a atual denominação.
No
plano da muralha, é ainda possível ver as torres
semicirculares/heptagonais e quadrangulares, que terão sido
adaptadas pelos Omíadas durante os séculos IX e X, a partir dos
originais construídos pelos romanos.
A
Porta do Arco da Vila esconde um vestígio único em todo o Algarve.
Haveria ali uma entrada com um imponente arco em ferradura, com mais
de quatro metros de altura e dois de largura, e que terá sido
construído no século XI, integrando uma entrada em cotovelo.
Os
trabalhos arqueológicos têm revelado outros vestígios da ocupação
islâmica na cidade. Na Rua do Município foi descoberto um bairro
habitacional de artífices e na Horta da Misericórdia pode
identificar-se uma zona residencial de maior dimensão, além de
materiais cerâmicos.
O
atual edifício da Sé de Faro esconde também sob si outras
religiões. Sendo um templo durante a ocupação romana, foi
convertida numa mesquita pelos governantes árabes. Tal como
aconteceu com outros templos, foi reconvertida em igreja cristão,
após a reconquista no século XIII.
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