quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A herança Omíada que perdura em Faro


Faro exerceu desde sempre um atrativo sobre os povos que ocuparam a região algarvia e os Omíadas não foram exceção. Séculos após a sua presença, perduram na cidade vestígios do seu legado, em particular na arquitetura.


Saliente na paisagem urbana farense e muito apreciada é o espaço muralhado, que corresponde à atual Vila-Adentro. A muralha, que já existe desde o tempo romano, é reforçada durante a segunda metade do século IX, por ordem do governo de Yahyâ b. Bakr, que manda também colocar portas de ferro. Na altura, o mar batia junto aos muros da cidade e estava muito exposta a possíveis invasões.


Pela entrada nascente, por quem vinha de terra, a agora denominada Porta do Arco do Repouso recebia quem chegava. O Arco sofreu grandes transformações no século XVIII, mas subsistem duas torres albarrãs, mandadas erigir no século XIII e avançadas em relação à muralha, o que constituem uma inovação defensiva, ao permitir atacar o inimigo pelas costas.


Ainda assim, terá sido por esta Porta que se deu a conquista de Faro pelos Cristãos, em 1249, comandados por Dom Afonso III, que sob o arco terá descansado, contribuindo para a atual denominação.


No plano da muralha, é ainda possível ver as torres semicirculares/heptagonais e quadrangulares, que terão sido adaptadas pelos Omíadas durante os séculos IX e X, a partir dos originais construídos pelos romanos.


A Porta do Arco da Vila esconde um vestígio único em todo o Algarve. Haveria ali uma entrada com um imponente arco em ferradura, com mais de quatro metros de altura e dois de largura, e que terá sido construído no século XI, integrando uma entrada em cotovelo.


Os trabalhos arqueológicos têm revelado outros vestígios da ocupação islâmica na cidade. Na Rua do Município foi descoberto um bairro habitacional de artífices e na Horta da Misericórdia pode identificar-se uma zona residencial de maior dimensão, além de materiais cerâmicos.



O atual edifício da Sé de Faro esconde também sob si outras religiões. Sendo um templo durante a ocupação romana, foi convertida numa mesquita pelos governantes árabes. Tal como aconteceu com outros templos, foi reconvertida em igreja cristão, após a reconquista no século XIII.

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