O programa 'Visita Guiada' da RTP, conduzido por Paula Moura Pinheiro, andou por Olhão a mostrar o seu património cultural, histórico e natural. Passou por alguns locais emblemáticos, como o Caíque Bom Sucesso, a Ria Formosa, os Mercados, a Igreja Matriz, o Edifício do Compromisso Marítimo ou as ruelas dos bairros da Barreta e do Levante. E ouviu uma certa carta de um pescador olhanense, mas não a conseguiu traduzir.  
Passamos a explicar: João Evaristo interpretou a carta de um pescador olhanense, datada do final do séc. XIX, à sua amada Francisca, com o sotaque local. Mas "a pronúncia-quase-dialeto" levou os produtores excluí-la do programa, porque, confessam, "a maioria das pessoas não compreenderia".  
Ainda assim, quiseram divulgar "a excelente interpretação" de João Evaristo e publicaram o vídeo na página do programa na RTP, sob o título "Hilariante". E deixam um conselho: "Mesmo que não seja olhanense, se prestar muita atenção e ouvir duas vezes o texto, vai rir-se. A carta é hilariante e dá bem conta do orgulho dos marítimos olhanenses no seu ofício". 
A belíssima interpretação pode ser vista aqui e o vídeo completo da 'Visita Guiada' por Olhão está também já disponível nesta página.

Com cerca de 200 quilómetros de costa, a ligação do Algarve ao mar é visceral. Por ele vieram povos que habitaram a região ao longo de séculos, por ele se descobriu o mundo e para ele se deslocam muitos pescadores todos os dias para trazer até terra sabores fantásticos que valorizam a gastronomia regional e contribuem para a atividade enonómica da região.  
Os vestígios piscatórios no Algarve remontam a outros milénios. Não se sabe bem quando teve início a atividade, mas chegam até aos dias de hoje os tanques de salga de peixe a vestígios de preparação de pastas de peixe do período romano ou cerâmicas de cozinha islâmica associadas a cascas de conquilhas, ostras ou amêijoas. Porque nem só no mar se encontram os produtos que todos os se podem encontrar frescos nos inúmeros mercados da região. As rias Formosa e de Alvor são também fantásticos viveiros naturais de espécies e às rochas da Costa Vicentina agarram-se os percebes, uma das 50 experiências gastronómicas obrigatórias da Europa.  
Para as águas vão traineiras, barcas, lanchas, saveiros e saveirinhos, botes, chatas, barcaças, calões, e muitos outros consoante a função piscatória que cumprem. Dizia o mestre Vitorino, do atelier Construção Naval em Miniatura, que os barcos algarvios são "espertos, rápidos e fáceis de navegar" e apresentam "um bonito contraste de cores". 
A terra chegam todo o tipo de peixes que enchem as bancas dos mercados tradicionais, onde diariamente se podem encontrar espécies para compor pratos tradicionais, que fazem as delícias de quem os prova: caldeiradas de vários nomes, cataplanas de diversas origens e muitas outras receitas de peixe grelhado, frito ou cozido, que se podem encontrar em qualquer restaurante.  
Entre os muitos portos algarvios, há que se destaca pela sua exclusividade: Santa Luzia. O porto piscatório da aldeia situada junto à Ria Formosa é o único a nível nacional a dedicar-se unicamente à pesca do polvo. Por lá, já não restam alcatruzes, mas permanecem os covos para atrair aquele molusco. Ali perto, permanecem os edifícios dos antigos arraiais da pesca de atum. Esta arte, que era praticada ao longo de vários meses entre a primavera e o final do verão e obrigava a uma enorme logística, deixou de existir na década de 70 devido à escassez do atum.  
Os pescadores constituíram pequenas vilas, que continuam a povoar a paisagem urbana do Algarve. Outras cresceram com o desenrolar dos tempos, mas mantêm a sua ligação ao mar e as tradições tão acarinhadas por quem conhece a difícil arte de ir ao mar buscar peixe. Não é por isso de estranhar, a quantidade de devoções e festas religiosas associadas às atividades marítimas, como a festa da Nossa Senhora da Conceição, em Quarteira, a festa da Nossa Senhora da Orada, em Albufeira, a festa da Nossa Senhora dos Navegantes, em Armação de Pêra e Olhão, a festa da Nossa Senhora dos aflitos ou a festa da Nossa Senhora da Boa Viagem, entre muitas outras. 

As praias do Algarve continuam a maravilhar quem as conhece e a constar dos roteiros recomendados por todo o mundo. É o que acontece na lista de 'Praias mais belas de Portugal' selecionada pela revista francesa 'Elle', no seu suplemento dedicado a viagens. Entre as mencionadas, duas são algarvias.
 
A Praia da Rocha é uma das escolhidas, não só pela sua beleza natural, mas também por ser "o local de todos os possíveis", onde os restaurantes e bares contribuem para passar "momentos mágicos", tanto de dia como de noite. 
Frequentemente considerada como uma das mais belas praias do Algarve pelos turistas que a visitam, a Praia da Marinha "é bordada entre as altas falésias". A revista recomenda que este é o local ideal para iniciar as crianças na pesca do caranguejo entre as rochas.

Fugimos aos destinos mais conhecidos do Algarve para ir dar uma volta. Ou melhor, cinco voltas. Os roteiros que preparamos exigem um carro e alguma dose de curiosidade para conhecer um território menos explorado. É o Algarve interior, o Algarve 'vicentino', o Algarve verdejante, o Algarve transfronteiriço ou o Algarve da terceira maior rota turística a nível mundial, a EN2.

 

1 – Costa Vicentina - De Odeceixe a Sagres

 

É pelo redor de uma das áreas mais naturais mais bem protegidas, que convidamos a um passeio. O ponto de partida é Odeceixe, onde pode começar por admirar a vila e a paisagem no alto do seu moinhoAté Sagres são quase 59 quilómetros, durante os quais pode contemplar a paisagem marcadamente atlântica, observar fauna e flora únicas ou o branco casario de aldeias e vilas e provar deliciosas receitas de batata-doce, típica da região. E com tempo, espreitar as praias rasgadas entre as arribas. E no final visitar a histórica Fortaleza de Sagres e o Cabo de São Vicente, onde pode contemplar um dos mais belos pores-do-sol do mundo.

 

Percurso: Odeceixe, Rogil, Aljezur, Bordeira, Carrapateira, Vila do Bispo, Sagres

Estradas: N120 e N268

 

2 – Serra de Monchique – De Portimão a São Marcos da Serra

 

Virando as costas ao mar é tempo de subir a um dos cenários mais incríveis do Algarve: a Serra de Monchique. À medida que se deixa o Barrocal e se começam a subir as encostas, a paisagem começa a mudar. O verde de pinheirais, eucaliptais e medronheiros toma conta do horizonte. Nas Caldas de Monchique recomenda-se uma ida às termas, nas águas que já os romanos consideravam sagradas. Entre o casario que estende Monchique pela encosta da serra, há que procurar sabores tradicionais da serra como os enchidos, o mel ou o medronho. E se puder fazer um desvio desta rota, contemple o Algarve a partir do seu ponto mais alto a Fóia. Recomenda-se uma paragem em Alferce para visitar as ruínas do antigo castelo islâmico. Não perder o serpenteado da Barragem de Odelouca, rasgada entre colinas, antes de seguir até São Marcos da Serra, uma das caraterísticas aldeias do interior algarvio.

 

Percurso: Portimão, Caldas de Monchique, Monchique, Alferce, São Marcos da Serra Estradas: N124, N266 e N267

 

3 – Rota Turística - De Faro ao Ameixial

 

O Algarve entra na terceira maior rota turística do mundo: a EN2, com mais de 700 quilómetros de extensão na sua totalidade. De Faro até à Ribeira do Vascão, onde se entra no Alentejo, são mais de 56 kms que se fazem em mais de uma hora. A média é baixa devido às muitas curvas que é preciso fazer para subir o Caldeirão, depois de passar São Brás de Alportel. Mas todas valem a pena, porque chegar ao topo da serra do Caldeirão merece uma paragem para contemplar a paisagem abaixo dos pés. E um novo segredo, é dar um mergulho no espelho de água da Fonte da Seiceira. O Ameixial é ponto de paragem obrigatória para conhecer uma das freguesias mais remotas de Loulé e que conta uma história milenar.

 

Percurso: Faro, São Brás de Alportel e Ameixial

 

Estrada: EN2

 

4 – Rota Transfronteiriça - De Alcoutim a Vila Real de Santo António

 

Esta rota é feita com os olhos postos no outro lado da fronteira, em Espanha. E no Guadiana. Alcoutim, a vila pintada de branco na margem do rio, conserva o seu património transfronteiriço, como o contrabando, ou a presença de outros povos. O convite que fazemos é seguir pela estrada junto que serpenteia o Rio Guadiana. Em Laranjeiras, pode visitar a Villa Romana e em Guerreiros do Rio o Museu local. Seguindo por estradas interiores, entra-se na N122, para seguir até ao Azinhal, onde pode provar queijo e iogurte de cabra de raça algarvia, feito pela queijaria local. Depois é passar por Monte Francisco antes de descobrir a simpática vila de Castro Marim, onde pode observar o sapal, a foz do Guadiana e Vila Real de Santo António.

 

Percurso: Alcoutim, Guerreiros do Rio, Foz de Odeleite, Azinhal

Estradas: M507, N122, IC27, N122

 

5 – Transalgarviana – De Aljezur a Alcoutim

 

É a maior rota do Algarve e toda feita em pleno interior, nas serras algarvias do Caldeirão, Monchique e Espinhaço de Cão. São quase 200 quilómetros, onde a paisagem pode mudar a cada curva e o isolamento permite contemplar o 'outro Algarve'. Além de sugestões já mencionadas de Aljezur a Monchique, Silves merece uma paragem para descobrir o seu património histórico. Depois é seguir pelas aldeias típicas do Barrocal algarvio: São Bartolomeu de Messines, Alte, Salir, onde não pode perder o castelo. Começa então o serpenteado da serra que nos leva até Cachopo e Martim Longo, em pela serra do Caldeirão, antes de seguirmos até à margem do Rio Guadiana, para sermos recebidos por Alcoutim. Durante esta viagem, podemos observar quatro cenários distintos do Algarve: a Costa Vicentina, a serra de Monchique, o Barrocal e a Serra do Caldeirão.

 

Percurso: Aljezur, Marmelete, Monchique, Silves, São Bartolomeu de Messines, Alte, Salir, Cachopo, Martim Longo e Alcoutim

 

Estradas: N267, N266, N124, N122-1

 


Depois de fazer as cinco rotas, há mais para descobrir? Há sempre mais para descobrir no Algarve!



A freguesia do Ameixial, em Loulé, passa a ter disponível um espelho de água na emblemática Fonte da Seiceira, em plena serra do Caldeirão.

 

Esta 'piscina' é mais uma boa razão para explorar o interior algarvio e desfrutar do contacto direto com a natureza.

 

O espelho de água nasceu após a vontade da população, que assim votou pelo investimento durante a discussão do Orçamento Participativo do Município de Loulé no Ameixial, em 2014.

 


A piscina, que convida a um refrescante banho nestes dias quentes, teve um custo de 50 mil euros para a autarquia mais os arranjos efetuados pela Junta de Freguesia local.


brochuras turístico-culturais sobre os Lugares de Memória da Escravatura e do Comércio de Escravos em Lagos.

As praias do Algarve continuam a maravilhar quem as conhece e a constar dos roteiros recomendados por todo o mundo. É o que acontece na lista de 'Praias mais belas de Portugal' selecionada pela revista francesa 'Elle', no seu suplemento dedicado a viagens. Entre as mencionadas, duas são algarvias.
 
A Praia da Rocha é uma das escolhidas, não só pela sua beleza natural, mas também por ser "o local de todos os possíveis", onde os restaurantes e bares contribuem para passar "momentos mágicos", tanto de dia como de noite. 
Frequentemente considerada como uma das mais belas praias do Algarve pelos turistas que a visitam, a Praia da Marinha "é bordada entre as altas falésias". A revista recomenda que este é o local ideal para iniciar as crianças na pesca do caranguejo entre as rochas.

"Para lá da costa, das praias e do sol, há um Algarve serrano que vale a pena ser conhecido". O convite é lançado pelo site 'Quilómetros que contam' da Goodyear que sugere um roteiro alternativo pelo 'outro Algarve', percorrendo "as terras interiores no sopé da serra de Monchique", a partir de Alvor, passando por Lagoa, Silves até Monchique. E não se pode esquecer da gastronomia local.

 

A rota estabelecida pelo site arranca em Alvor que, apesar de ser uma vila piscatória que cresceu com o turismo, mantém "a beleza de uma ria que continua a ser um autêntico santuário natural objeto de importantes programas de conservação".

 

Por aqui se encontram diversas aves migratórias que fazem uma paragem durante as suas viagens sazonais, como a garça-real ou a andorinha do mar. E junto à praia, é ainda possível observar o movimento diário dos pescadores que "enchem com a sua carga o cais quando a tarde cai".

 

O roteiro segue para Lagoa, "onde reina o aroma o vinho", ou não fosse "o coração vinícola do Algarve". "Lagoa é hoje uma típica vila algarvia que cresceu à volta da sua igreja matriz no topo de uma colina", pode ler-se no mesmo texto, que acrescenta que "sob o sol da primavera um branco imaculado parece querer tingir-nos os olhos".

 

Por Lagoa "vale a pena uma visita sossegada pelo centro histórico, um labirinto de becos e ruas entre as casas brancas onde é difícil esquivar a herança manuelina: portais, janelas e torres que parecem construídas para olhar para o passado". E por aqui há uma longa história para contar, como a gruta de Ibne-Ammar, à beira do rio Arade, onde os achados arqueológicos evidenciam a presença humana durante a Idade do Bronze.

 

Em Silves destaca-se logo "o vermelho do seu castelo, como se fosse a fortaleza de King's Landing em 'A Guerra dos Tronos'", revelando as "pegadas espalhadas e indeléveis da presença árabe" e oferecendo uma "uma larga vista da região".

 

Pela cidade, há ainda para descobrir o património histórico local como a Sé Velha, a Cruz de Portugal, "um dos mais afamados e formosos cruzeiros portugueses" e ainda a ponte medieval sobre o rio Arade.

 

O roteiro sobe a serra pela estrada 124 e depois pela 266 que "nos aproxima da sombra refrescante da serra". Pela paisagem montanhosa, surge Caldas de Monchique, "o segredo melhor guardado dos romanos que já desfrutavam das suas águas termais". Mas além das águas, indicadas para "afeções respiratórias e tratamentos de beleza", Caldas merece uma visita por ser um "conjunto histórico que testemunha como eram as tradicionais vilas e aldeias serranas".

 

"Monchique é uma serra peculiar no conjunto das montanhas algarvias", sublinha a ágina 'Quilómetros que contam', devido às "rochas eruptivas que quebraram o xisto". A Fóia, a 902 metros de altura oferece uma extraordinária vista sobre a região, tal como a Picota, apesar de ser um ponto mais baixo.

 

O clima subtropical da zona permite encontrar "plantas exóticas e endógenas que não se encontram noutros locais da Europa" e até há "rotas para conhecer as árvores monumentais", "numa descoberta paisagística partilhada entre a sombra dos bosques e as pegadas romanas e muçulmanas".

 


E ninguém vai embora do Algarve sem provar a sua típica gastronomia, neste caso com produtos tradicionais da serra, como os enchidos caseiros, o presunto ou o mel. E para terminar um passeio em beleza nada melhor que "um copinho de aguardente de medronhoou de melosa", recomenda o site no caso de não ir conduzir, porque, sublinha "a serra, acima de tudo, conquista pelo estômago para chegar até ao coração".


O Alvor, Portimão, vai ter a partir deste verão o maior passadiço pedonal de todo o Algarve. A estrutura de madeira colocada sobre as dunas e com seis quilómetros de extensão vai unir a praia dos Três Irmãos à Ria de Alvor.

 

O passadiço tem uma elevação de um metro acima das dunas, o que seu pisoteio intensivo e contribui para a conservação do espaço natural. Há também melhorias no acesso ao areal, principalmente para quem tem mobilidade reduzida ou para quem conduz carrinhos de bebé.

 

A estrutura deve estar concluída até ao verão, a tempo de tornar ainda mais fáceis as idas à praia pelos veraneantes, que assim passam a contar com oito acessos, ou para um passeio com vista para o mar.


Os vinhos algarvios somam e seguem. Depois dos prémios conquistados no Concurso Mundial de Bruxelas, um dos mais prestigiados do mundo, sete vinhos produzidos na região voltaram a estar em evidência no Concurso de Vinhos de Portugal. Um néctar produzido pela Quinta dos Vales destacou-se, tal como uma Adega pelo número de medalhas.

 

O vinho tinto Marques dos Vales, Duo, de 2012, produzido em Lagoa, foi o único a trazer para a região a Medalha de Ouro do concurso que decorreu no Buçaco, na zona centro do País.

 

Outros seis vinhos algarvios conquistaram a Medalha de Prata e há uma casa a destacar-se: a Adega do Cantor, de Albufeira. Aos néctares produzidos nas Quinta do Moinho, Quinta do Miradouro e Quinta da Sobreira, pertencentes ao cantor britânico Sir Cliff Richard e à família Birch, foram entregues cinco medalhas de prata, distinguindo os brancos Vida Nova, de 2015, e ao Onda Nova Viognier, de 2014, e os tintos Onda Nova Alicante Bouschet, de 2012, ao Onda Nova Syrah, de 2013, e ao Vida Nova Reserva, de 2012. A sexta Medalha de Prata foi conquistada pelo vinho tinto Al-Ria, de 2015, da Casa Santos Lima.

 

O Concurso de Vinhos de Portugal contou com a presença de 1350 vinhos nacionais de 383 produtores inscritos. Mais de 145 enólogos e sommeliers de várias regiões foram os responsáveis pela seleção dos melhores vinhos produzidos no País.


Chama-se VRSA TV e é a nova televisão de Vila Real de Santo António. O canal local já está online e pode ser visto na página do Youtube.
 
A VRSA TV apresenta-se como "uma televisão corporativa municipal, dirigida ao público em geral com programas de Informação e Entretenimento", que promete ser "de confiança, interativa e irreverente".
 
O canal vai ter um programa de informação sobre o município que vai para o ar todas as quintas, rúbricas para conhecer os vila-realenses que se destacam no concelho e no estrangeiro, um programa de entrevistas a personalidades do município e ainda um magazine de lifestyle, dedicado ao "melhor do verão, desde festas a caminhadas, gastronomia ou uma ida à praia".
 
O novo canal foi apresentado a 13 de maio, data em Vila Real assinala o aniversário da sua fundação.



IA - Falou de segurança. O Algarve tem vividoo um aumento de procura devido à instabilidade no Mediterrâneo. Os turistas vão manter-se por cá? Que trabalho podeser feito?
DS - Penso que este aumento não se deve só a isso. É natural que os turistas que escolhem a região em função disso, são turistas que são aconselhados por operadores, por gente que conhece a região, como conhecem muitas outras regiões no mundo. Quando dão a indicação que um destino que os turistas devem optar numa fase destas, tem a ver com fatores que soubemos desenvolver e criar.
 
Nós conseguimos em 2/3 anos criar uma imagem, uma intervenção no território, a perceção que há mais qualidade, mais oferta, mais diversidade. Isso faz-se com que está lá fora perceba que "a região tem-se preparado, tem oferta, tem um conjunto de fatores que são decisivos na escolha. Nós aconselhamos estes turistas a ir para lá, porque temos confiança". Claramente é o que está a acontecer.
 
Em relação ao futuro, é importante que os agentes do terreno percebam que isto não pode ser apenas de um ano, mas que têm também de criar condições para que os que vêm pela primeira vez fidelizem como muitos que já vêm há muitos anos. O que cada um for capaz de fazer, capaz de oferecer e não usar e abusar desta oferta para depois estragar o que for a continuidade durante os próximos anos, penso que pode ser um factor que pode fazer toda a diferença. Temos condições para os fidelizar, se mostrarmos que somos a região como somos, não inventarmos, não vendermos gato por lebre. Estou convencido que os turistas escolherão no próximo ano no Algarve se a última imagem que levarem de cá é de gente que os recebeu muito bem e conta com eles para o futuro.
 
IA - Há regiões nacionais que têm vindo a emergir no turismo nacional. Como é que o Algarve pode reagir?
DS - O Algarve não precisa de reagir. O País não é assim tão grande. Estão a emergir, mas são ofertas diferentes. Nós não podemos ser competitivos com Lisboa ou Porto e mesmo do Alentejo. Nós temos uma oferta que já por si é muito grande. Essa diferença vê-se, por exemplo, os turistas na região dormem 4 a 5 noites, em Lisboa dormem 2, no Porto, dormem 1,5, no Alentejo 1,5 a duas. Nós não podemos fazer comparações. Tudo isso tem a ver com grandes aeroportos, como o de Lisboa. Depois têm ofertas de city break, ofertas patrimonial e cultural que nós não temos. Eles estão a crescer, nós estamos a crescer, mas a nossa base de crescimento é bastante alta. Não se nota tanto a diferença, porque subir sobre dez é uma coisa, subir sobre mil é outra e nós já estamos a subir sobre mil.
 
Nós não somos competitivos, somos diferentes e somos complementares a esses destinos. Quanto mais gente for para Lisboa e Porto, mais gente vai para o Alentejo, para o Centro e para o Algarve. E quanto mais gente vier para o Algarve, mais gente terá condições para ir para o Alentejo, ou seja, podemos ajudar o Alentejo no número de turistas, de visitantes e de noite de dormidas. Cada região tem as suas especificidades, tem as suas ofertas e algumas estão a trabalhar em conjunto. 

InAlgarve - A que sectores é que o turismo de sol e praia se pode associar?
Desidério Silva - Pode-se associar a muita coisa, mas é preciso um reajustamento. Se nós tivermos a trabalhar no cycling, nas caminhadas, em produtos culturais ou que tenham a ver com natureza, por vezes há equipamentos que se têm que ajustar a isso. Os hotéis têm que se adaptar a outras condições para as bicicletas, para outros meios que podem servir para que as pessoas sintam que aquele hotel tem uma ligação muito grande com esse serviço. E os hotéis estão a adaptar-se a isso. Os turistas vêm pelo sol, ficam em locais onde os hotéis estão bem localizados, mas cada vez mais procuram atividades complementares, diferenciadoras. Querem novas experiências, novas atividades, procuram a cultura, a gastronomia, até os vinhos do Algarve, que há dez anos era impensável falar de vinhos.
 
Tenho feito um grande enfoque muito grande particularmente em toda a zona de Lagos, Vila do Bispo, Aljezur, Monchique e depois Guadiana, Alcoutim, Castro Marim, Vila Real, Tavira, e Ria Formosa, o anel que dá a volta, mas que não é tão focado como as cidades turísticas mais fortes. É um processo em que estamos apostar fortemente de maneira a potenciar produtos que sendo importantes, não eram tão visíveis.
 
IA - Algarve foi eleito Marca da Confiança'2016. Como se alcança esse estatuto?
DS - Foi uma surpresa. A marca alcançou-se através de votação dos leitores das 'Seleções do Readers Digest' que escolheram o Algarve como Marca de Confiança como destino turístico. Foi um processo natural. Isso só tem um sinal: é sinal da perceção de quem está de fora, porque utilizou, veio ou desfrutou, entendeu que é uma região de confiança e isso diz tudo.
 
As marcas de confiança para se conquistarem são muito difíceis, para se perderem são muito fáceis. Há que fazer um esforço muito grande que continuar a segurar essa confiança como se fosse o melhor que nós temos. Foi bastante bom esse prémio. É muito bom estarmos num destino de confiança.
 
IA - Vila Real de Santo António criou uma taxa turística. Será produtivo ou mais prejudicial?
DS – Eu tenho uma posição clara sobre isso: os Governos deviam, no âmbito da Lei das Finanças Locais, apoiar e intervir, financiando os municípios turísticos, que têm claramente verbas de despesa diferenciadoras entre um município normal. Dou o exemplo de um município que tem 50 mil habitantes todo o ano e outro que tem 50 mil e passa a ter 400 mil. Esse diferencial, durante um ano, num município desses, chega a atingir os quase 20 milhões de euros. Isso são verbas que vêm da autarquia e não é possível criar uma oferta pública de qualidade, naquilo que é a intervenção pública da autarquia, nomeadamente na limpeza, na recolha do lixo, na limpeza das praias, no abastecimento de água, são fatores que vindo diretamente das finanças da autarquia, obviamente deitam abaixo qualquer conta da autarquia.
 
E quem recebe desse retorno financeiro é o Estado, através do IVA, dos consumos. Isso tudo faz com que as autarquias fiquem desequilibradas financeiramente por causa desse serviço público. O Estado sabe perfeitamente através dos valores de cada município qual é o diferencial. Nós não estamos ainda numa região sustentável. Entendo que há outras formas de o fazer. Havia de haver outra forma de compensação, devia haver uma verba no orçamento de Estado para fazer face aos custos que advém da sua intervenção cívica e pública para que o Estado possa ter receitas.
 
IA - O que ainda não foi dito sobre o Algarve?
DS – Nunca foi feito tanto trabalho conjunto como agora. Há a necessidade de colocar vários eventos na região entre outubro e maio, associamos a Região de Turismo à Cultura, já demos uma listagem de eventos atividades que pensamos importantes no contexto da região e a Cultura vai fazer o mesmo.
 
Mas este é um processo que muito tempo não foi trabalhado. Houve muito tempo que este Algarve só viveu no sol e da praia e não houve uma preocupação para encontrar outras soluções, dava para tudo. O sol e praia são os fatores mais importantes, mas não chega. Os que nós queremos é outras ofertas e outras complementaridades. Mas não vamos dar respostas tão rápidas quanto nós queríamos.
 
Em relação ao turismo de natureza, felizmente que está a ter um impacto muito grande. Por exemplo, o Algarve Nature Week é um sucesso, há a perceção que é importante, as pessoas que vêm, as experiências que vão ter, as empresas que estão associadas. Há também a questão das bicicletas e a Via Algarviana. Com a Federação Portuguesa de Ciclismo, estamos a trabalhar em mais de 40 percursos, mas é preciso trabalhar os percursos nas questões de cultura, alimentação, dormidas. São coisas que vão acontecendo e vão tendo impacto.
 

Nunca houve tantas parceiras entre todas a gente, entre a Região de Turismo, a AMAL, a Universidade, a Escola Hoteleira, a CCDR, há projetos conjuntos. Há condições para que o Algarve daqui a dois ou três anos possa ter condições de oferta e sustentabilidade para todo o ano e não apenas para seis meses. E isso começa-se a notar a partir do momento em que a taxa de ocupação vai subindo, que só acontecerá quando chegar entre os 65 e os 70%.