Omíadas deram fama e imponência a Silves
A
primeira referência a Silves ocorre durante o século IX, sob o nome
Xelb, para relatar a empreitada à corte do rei normando da
Dinamarca, de um embaixador do estado cordovês, para assinatura do
tratado de paz entre os povos, na sequência da derrota dos
'vikings'.
A
importância de que já gozava por aquele mesmo século a então
denominada cidade de Silb e a grande instabilidade que se vivia,
levou à construção da sua muralha, uma das principais
fortificações muçulmanas em Portugal e a que em melhor estado
chegou à atualidade. Pelo século X escrevia Al-Razi, "Silves é
a maior cidade do Algarve. Está construída junto de um rio, onde a
influência das marés é notada".
Silves
era o centro das atenções naquela época. A agricultura, que se
desenvolvia pelos longos campos do barrocal, o comércio de quem
chegava por água, a medina, sobranceira à margem direita do rio
Arade, e a evolução da vida ali existente eram motivos suficientes
para sustentar o seu apogeu. Não surpreende, portanto, que tenha
sido apelidada de 'Bagdad do Ocidente'.
Em
1013, Silves tornou-se um reino independente do califado omíada de
Córdoba e manteve a rota ascendente de influência, afirmando-se
como capital económica, política e demográfica de toda a região.
"A vila é bonita, nela vêm-se elegantes edifícios e existem
mercados em abundância. A população fala um dialeto árabe muito
puro... As pessoas rurais são muito hospitaleiras", descrevia
Al-Idrisi, no século XII.
Também
a cultura e o culto do intelecto eram promissores na cidade.
Al-Mutamid, rei do Taifa de Sevilha, homem das artes, fez-se em
Silves poeta. Enquanto governador da cidade, na companhia de Abu Bakr
Ibn Ammar, partilhou no magnífico Palácio das Varandas noites de
poesia, música, vinho e animação. Os dois estão entre os maiores
poetas hispano-árabes da segunda metade do século XI.
O
esplendor e a importância de Silves colocaram-na na mira direta dos
Cristãos, que pretendiam conquistar o território a sul de Portugal.
E conseguem-no em 1189, sendo uma das primeiras cidades do Algarve a
ser conquistada. Mas apenas dois anos depois, Silves regressa de novo
à posse dos almóadas, até ser conquistada definitivamente em 1249.
Em 1266, para firmar o seu poder e celebrar a vitória, D. Afonso III
deu foral à cidade e ordenou a construção de uma catedral sobre a
mesquita. Silves manteve a sua importância na região até ao século
XVI, quando a sede do bispado foi transferido para Faro.
Do
esplendor de outros séculos, fica a imagem magnífica do castelo e
os vestígios arqueológicos que foi possível preservar. Há silos
subterrâneos, um tanque de água dos séculos XII/XIII com 10 metros
de altura e um poço com cerca de três metros de diâmetro e dezoito
de profundidade.
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