sexta-feira, 4 de março de 2016

Omíadas deram fama e imponência a Silves


A primeira referência a Silves ocorre durante o século IX, sob o nome Xelb, para relatar a empreitada à corte do rei normando da Dinamarca, de um embaixador do estado cordovês, para assinatura do tratado de paz entre os povos, na sequência da derrota dos 'vikings'.


A importância de que já gozava por aquele mesmo século a então denominada cidade de Silb e a grande instabilidade que se vivia, levou à construção da sua muralha, uma das principais fortificações muçulmanas em Portugal e a que em melhor estado chegou à atualidade. Pelo século X escrevia Al-Razi, "Silves é a maior cidade do Algarve. Está construída junto de um rio, onde a influência das marés é notada".


Silves era o centro das atenções naquela época. A agricultura, que se desenvolvia pelos longos campos do barrocal, o comércio de quem chegava por água, a medina, sobranceira à margem direita do rio Arade, e a evolução da vida ali existente eram motivos suficientes para sustentar o seu apogeu. Não surpreende, portanto, que tenha sido apelidada de 'Bagdad do Ocidente'.


Em 1013, Silves tornou-se um reino independente do califado omíada de Córdoba e manteve a rota ascendente de influência, afirmando-se como capital económica, política e demográfica de toda a região. "A vila é bonita, nela vêm-se elegantes edifícios e existem mercados em abundância. A população fala um dialeto árabe muito puro... As pessoas rurais são muito hospitaleiras", descrevia Al-Idrisi, no século XII.


Também a cultura e o culto do intelecto eram promissores na cidade. Al-Mutamid, rei do Taifa de Sevilha, homem das artes, fez-se em Silves poeta. Enquanto governador da cidade, na companhia de Abu Bakr Ibn Ammar, partilhou no magnífico Palácio das Varandas noites de poesia, música, vinho e animação. Os dois estão entre os maiores poetas hispano-árabes da segunda metade do século XI.


O esplendor e a importância de Silves colocaram-na na mira direta dos Cristãos, que pretendiam conquistar o território a sul de Portugal. E conseguem-no em 1189, sendo uma das primeiras cidades do Algarve a ser conquistada. Mas apenas dois anos depois, Silves regressa de novo à posse dos almóadas, até ser conquistada definitivamente em 1249. Em 1266, para firmar o seu poder e celebrar a vitória, D. Afonso III deu foral à cidade e ordenou a construção de uma catedral sobre a mesquita. Silves manteve a sua importância na região até ao século XVI, quando a sede do bispado foi transferido para Faro.


Do esplendor de outros séculos, fica a imagem magnífica do castelo e os vestígios arqueológicos que foi possível preservar. Há silos subterrâneos, um tanque de água dos séculos XII/XIII com 10 metros de altura e um poço com cerca de três metros de diâmetro e dezoito de profundidade.

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