É
um dia cuja tradição se perde na memória dos tempos. Aos 40 dias
após a celebração da Páscoa, coincidindo com a Quinta-Feira de
Ascensão, celebra-se o Dia da Espiga, que marcava também o início
das colheitas. Já não é assim. A queda do feriado religioso
contribuiu para o esquecimento das tradições e devoções
associadas ao Dia. Mas ainda há quem o continue a lembrar, fazendo o
tradicional ramo a que se chama Espiga. Em Loulé o dia continua a
ser comemorado no Dia Municipal e na freguesia de Salir há décadas
que se faz uma festa.
Mandava
a tradição que no Dia da Espiga, que se fosse ao campo apanhar a
espiga de trigo, ou à falta deste de outro cereal, dando nome ao
ramo, que haveria ainda de levar um ramo de oliveira e diversas
flores campestres, como malmequer, papoila, alecrim. O ramo haveria
de ser pendurado atrás da porta até ao ano seguinte, como símbolo
de prosperidade, alegria, saúde e fecundidade. A tradição
mantinha-se ano após ano principalmente nos campos, onde as
populações mais dependiam dos bens que colhiam da terra.
O
Dia da Espiga está fortemente associado à Igreja Católica por
coincidir com a ascensão de Jesus ao Céu, mas pensa-se que a sua
celebração tenha origem pagã, como homenagem à Deusa Flora, que
ocorriam também por esta altura para celebrar a primavera e
consagrar a natureza. Terá sido depois incorporado nas celebrações
da Igreja Católica romana.
O
Dia foi ao longo dos tempos celebrado por terras do Sul. E quando
alguns deixaram de poder ir apanhar os ramos, passaram-nos a comprar
nas diversas festividades que ocorriam em localidades principalmente
do interior algarvio.
Atualmente,
a tradição da espiga e o significado do Dia permanecem na memória
dos mais antigos. E é em Loulé que ainda tem o seu expoente máximo.
A cidade celebra o Dia do Município e feriado municipal coincidindo
com o Dia da Espiga. E na freguesia de Salir, há 49 anos que se
realiza uma grande festa de vários dias, durante a qual se procura
recordar as atividades do mundo rural.
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