É
de laranjas e searas em miniatura que é feito o presépio
tradicional do Algarve. Muito longe dos tradicionais presépios, que
se podem encontrar um pouco por todo o mundo, esta exposição
pretende pedir ajuda ao Menino Jesus para que o ano seja de
abundância, evitando os perigos da fome.
As
raízes do presépio algarvio vêm da Idade Média, quando o Natal
passa a constar dos festejos da Igreja Católica. É por esta
altura que o nascimento de Jesus desperta curiosidade e começa a ser
explicado ao povo, fascinado pela história do menino. À falta de
figuras ou adereços, que apenas começam a aparecer em edições
exclusivas, a versão do Presépio é muito simples.
O
primeiro presépio com fruta e pequenas searas foi montado pela
primeira vez pelo Cardeal Bérulle (séc. XVI / XVII) , em França.
Para evocar a época natalícia, foi montado um pequeno altar, onde
se distribuiam de forma regular os dois géneros alimentares.
Esta
recriação foi adotada no Algarve ainda durante o séc. XVII, para
ser exposta quer nos locais religiosos, quer nas casas familiares. A
tradição à volta no Natal estabeleceu-se em rituais. A preparação
começa a 8 de dezembro, dia dedicado à Nossa Senhora da Conceição,
com sementeira de alguns cereais, como trigo, aveia, milho, cevada ou
lentinhas, que depois de germinarem vão adornar o altar.
A
feitura do presépio fica reservada para apenas nove dias antes do
Natal, quando os altares, semelhantes aos que se podem encontrar em
Igrejas, começam a ser montados. As pequenas searas, que entretanto
germinam, e a fruta são dispostos nos vários degraus do
presépio. O mais alto fica reservado para a figura do menino. O
presépio fica exposto até ao Dia de Reis - 6 de janeiro -, altura
em que as searas em miniatura são transplantadas com a esperança de
que seja um ano de grande abundância.
O
presépio tradicional algarvio foi adotado noutras regiões como a
Madeira e os Açores e chegou também ao Brasil. Contudo, foi
progressivamente substituído pela representação mais comum do
nascimento de Jesus. Ainda assim, há quem continue a manter a
tradição e conribua para que não perca esta representação
singular.
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