domingo, 6 de dezembro de 2015

Presépio algarvio com fruta e cereais


É de laranjas e searas em miniatura que é feito o presépio tradicional do Algarve. Muito longe dos tradicionais presépios, que se podem encontrar um pouco por todo o mundo, esta exposição pretende pedir ajuda ao Menino Jesus para que o ano seja de abundância, evitando os perigos da fome.
 
As raízes do presépio algarvio vêm da Idade Média, quando o Natal passa a constar dos festejos da Igreja Católica. É por esta altura que o nascimento de Jesus desperta curiosidade e começa a ser explicado ao povo, fascinado pela história do menino. À falta de figuras ou adereços, que apenas começam a aparecer em edições exclusivas, a versão do Presépio é muito simples.
 
O primeiro presépio com fruta e pequenas searas foi montado pela primeira vez pelo Cardeal Bérulle (séc. XVI / XVII) , em França. Para evocar a época natalícia, foi montado um pequeno altar, onde se distribuiam de forma regular os dois géneros alimentares. 
 
Esta recriação foi adotada no Algarve ainda durante o séc. XVII, para ser exposta quer nos locais religiosos, quer nas casas familiares. A tradição à volta no Natal estabeleceu-se em rituais. A preparação começa a 8 de dezembro, dia dedicado à Nossa Senhora da Conceição, com sementeira de alguns cereais, como trigo, aveia, milho, cevada ou lentinhas, que depois de germinarem vão adornar o altar. 
 
A feitura do presépio fica reservada para apenas nove dias antes do Natal, quando os altares, semelhantes aos que se podem encontrar em Igrejas, começam a ser montados. As pequenas searas, que entretanto germinam, e a fruta são dispostos nos vários degraus do presépio. O mais alto fica reservado para a figura do menino. O presépio fica exposto até ao Dia de Reis - 6 de janeiro -, altura em que as searas em miniatura são transplantadas com a esperança de que seja um ano de grande abundância.
 
O presépio tradicional algarvio foi adotado noutras regiões como a Madeira e os Açores e chegou também ao Brasil.  Contudo, foi progressivamente substituído pela representação mais comum do nascimento de Jesus. Ainda assim, há quem continue a manter a tradição e conribua para que não perca esta representação singular.

 

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