sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

"É preciso procurar novos horizontes"


Potenciar o que já existe na região e criar uma estratégia de comunicação são dois vetores que a Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) está a desenvolver no âmbito do projeto Marca 'Produto Algarve'. Em conversa com o InAlgarve, Victor Guerreiro, presidente da Associação, explica o caminho que terá de ser feito e sublinha: "Esta região, para além do que se conhece, que é o turismo, tem muito mais".

InAlgarve - Como é que os produtores podem integrar a Marca 'Produto Algarve'?
Victor Guerreiro - O primeiro passo é serem associados da ACRAL e depois terão de adquirir o selo, que passa por situações burocráticas.

IA - Quais são os critérios para aderir à Marca?
VG - Pegando no exemplo da laranja: a laranja do Algarve tem especificidades concretas, ao nível dos componentes e será a Universidade, através dos seus laboratórios, que a irá analisar. Depois há produtos que têm são transformados, que têm de ter uma componente de produtos de região. Não será necessário ter 100 por cento, mas terá de ter uma grande maioria percentagem. São temáticas que ainda estão em estudo. As empresas também podem ter uma candidatura a um selo, desde que ela obedeça a um conjunto de requisitos: empregados da região, sede na região, pagar impostos na região. No fundo o que se pretende é potenciar a região num todo e não estar a dispersar essas situações.

Como exemplo, nós no Algarve, falando do figo e da amêndoa, já fomos exportadores em grande escala. Isso foi-se diluindo e hoje torna a ser importante. As pessoas percebem isso e está-se a plantar novamente. Se nós não tivermos algum rigor, corremos o risco de estar a certificar a cesta que vem da China e o figo que vem da Turquia. Pode ser um bom projeto, pode ser interessante para a região, potenciando a economia, mas se for feito seriamente, com cabeça, tronco e membros e se houver algum desvio, pode ser uma situação de menos valência e é isso que não queremos. Temos de ter cuidado a encontrar o modo certo, a forma certa, potenciar isto sem desvios.

IA - Há já algum tipo de iniciativa preparada?
VG - Não vamos comunicar para já, porque iríamos criar algumas expectativas que ainda não existem. O selo ainda não está disponível, nós temos comunicado isto. O que existe é de facto o projeto, que está na sequência do levantamento destas situações. A segunda fase será de facto a forma como é que se vai atribuir o selo e em que condições se vai atribuir a terceira fase é potenciar a economia e começar a vender fora.

IA – Quando está previsto o início da terceira fase?
VG - Nós queremos ter o selo operacional no primeiro trimestre do próximo ano. Mas a burocracia é complicada, por nossa vontade já está feito, mas estamos a fazer os possíveis, temos uma equipa a tratar dessas situações. Na relação que temos tido com as forças políticas, e nem só da região, consideram um projeto interessante. Temos a própria CCDR e o seu presidente [David Santos] muito focados nisto. Ajudar a região com certeza, mas milagres não podem fazer.

IA - Se estivesse numa iniciativa lá fora, que diria sobre que região é esta, o que tem para dar ao mundo?
VG - Esta região, para além do que se conhece, que é o turismo, tem muito mais que isso. Para além do turismo, do sol e da praia, temos mais estas e outras valências A comunicação não será só ao nível dos produtos, mas será uma comunicação ao nível da região como um todo. Aquilo que é a capacidade, a segurança, as gentes, a gastronomia, tudo isso. Na altura iremos fazer uma parceria com a Dieta Mediterrânea. Essas valências poderão ajudar-nos a sair um pouco desta casca que nós temos tido, que no meu ponto de vista bem, mas é preciso dar um passo em frente e ir à procura de novos horizontes.

IA - Como definiria o Algarve?

VG - Eu não encontro nenhuma parte do mundo que tenha tantas valências todas num conjunto. Há quem tenha melhores praias, melhor sol, há quem tenha melhor isto ou aquilo, mas segurança, gastronomia, gentes, sol, praia, isto tudo num conjunto não existe. Eu penso que este canto, o país em si, mas em particular o Algarve foi abençoado por Deus. O slogan terá que ser este: eu amo o Algarve.

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