sábado, 2 de janeiro de 2016

A vista para o céu da açoteia


No topo de muitas casas algarvias, não há telhado. A paisagem urbanística é ocupada por espaçosos terraços. Hoje assim são casualmente designados, mas a sua história leva-nos ao termo tradicional: açoteia.

A origem árabe da palavra revela também a introdução destes espaços no topo das casas tradicionais algarvias. Não é raro ver açoteias por todo o Algarve, uma herança que se mantém há séculos desde a ocupação islâmica deste território.

A escolha para cobrir as casas não fazia parte de nenhuma excentricidade, mas antes tinha funções muito práticas no quotidiano. Por serem locais privilegiados, eram usados para recolher as águas da chuva ou para secar frutos, como a alfarroba ou o figo, ou peixe. E junto à costa, eram também usadas para controlar a circulação das embarcações marítimas.

As açoteias marcam a paisagem urbana do Algarve, mas têm o seu expoente máximo em Olhão, onde a zona histórica apresenta um grande número destes terraços. E em Albufeira emprestam o nome a uma urbanização.


Nos dias atuais, as açoteias já não cumprem as funções de outrora. Os residentes preferem-nas para arrumações domésticas, mas acima de tudo como áreas de lazer. Ainda assim continuam a marcar a paisagem e a serem muito procuradas para momentos de relaxe e descanso.

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