No
topo de muitas casas algarvias, não há telhado. A paisagem
urbanística é ocupada por espaçosos terraços. Hoje assim são
casualmente designados, mas a sua história leva-nos ao termo
tradicional: açoteia.
A
origem árabe da palavra revela também a introdução destes espaços
no topo das casas tradicionais algarvias. Não é raro ver açoteias
por todo o Algarve, uma herança que se mantém há séculos desde a
ocupação islâmica deste território.
A
escolha para cobrir as casas não fazia parte de nenhuma
excentricidade, mas antes tinha funções muito práticas no
quotidiano. Por serem locais privilegiados, eram usados para recolher
as águas da chuva ou para secar frutos, como a alfarroba ou o figo,
ou peixe. E junto à costa, eram também usadas para controlar a
circulação das embarcações marítimas.
As
açoteias marcam a paisagem urbana do Algarve, mas têm o seu
expoente máximo em Olhão, onde a zona histórica apresenta um
grande número destes terraços. E em Albufeira emprestam o nome a
uma urbanização.
Nos
dias atuais, as açoteias já não cumprem as funções de outrora.
Os residentes preferem-nas para arrumações domésticas, mas acima
de tudo como áreas de lazer. Ainda assim continuam a marcar a
paisagem e a serem muito procuradas para momentos de relaxe e
descanso.
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