terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Do Algarve descobriu-se o mundo


Para todos os que acreditavam que Sagres era 'onde a terra acabava e o mar começava', deve ter sido difícil acreditar na epopeia que aí vinha: os Descobrimentos. Mas a ambição do Infante Dom Henrique, o Navegador, foi mais forte que qualquer vacilo. Estava em marcha a era da globalização que conduziu o mundo aos levou aos dias de hoje.

O Algarve está intrinsecamente ligado à aventura de um povo que ousou desafiar o mar, cruzou cinco continentes, conheceu novas culturas e estabeleceu raízes "além da Taprobana", como escreveu Luís Vaz de Camões em 'Os Lusíadas. A marca pioneira da região nesta epopeia não vem ao acaso: o Algarve tinha vantagem no posicionamento geo-estratégico e o povo algarvio do litoral tinha uma relação, quase, umbilical com o mar. O Infante Dom Henrique reconheceu as potencialidades e instalou na região o centro nevrálgico dos Descobrimentos. Só após a sua morte, foram centralizados em Lisboa.

Os Descobrimentos portugueses marcaram o rumo da História mundial ao mesmo tempo que fundearam um vasto e riquíssimo património em vários pontos do Algarve. O mais reconhecível dessa época, e o mais visitado a sul do Tejo, é a Fortaleza de Sagres, onde se pode encontrar uma rosa-dos-ventos desenhada no chão e uma muralha corta-ventos. A poucos quilómetros, encontra-se o Farol do Cabo de São Vicente, construído no início do século XVI para contribuir para a segurança dos navegadores.

Lagos, que terá sido a terra natal de Gil Eanes, era por aquela altura o centro nevrálgico para caravelas que ali fundearam e navegadores que dali partiam em expedições, que permitiram descobrir as ilhas atlânticas e cidades do norte de África. As muralhas e as arcadas recordam a importância da localidade como entreposto de comércio e o Forte do Pau da Bandeira é um elemento representativo das fortificações marítimas. O título de 'capital dos Descobrimentos portugueses' assenta-lhe tão bem, que ali foi criado o Museu de Cera dos Descobrimentos.

Também Tavira teve um papel de relevo nesta época. Após a conquista de Ceuta, o Infante Dom Henrique foi armado cavaleiro nesta cidade, que viu partir muitos soldados para as conquistas do norte de África, sendo um porto de apoio a exércitos e armadas. Haveria também ser um porto de exportação de produtos nacionais, como peixe salgado, frutos secos ou vinho.


Os Descobrimentos marcaram uma época e continuam a marcar o património histórico-cultural do Algarve e das suas povoações, que se materializa em monumentos, palácios, igrejas, conventos, fortificações ou na réplica de uma nau quinhentista.

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