Para
todos os que acreditavam que Sagres era 'onde a terra acabava e o mar
começava', deve ter sido difícil acreditar na epopeia que aí
vinha: os Descobrimentos. Mas a ambição do Infante Dom Henrique, o
Navegador, foi mais forte que qualquer vacilo. Estava em marcha a era
da globalização que conduziu o mundo aos levou aos dias de hoje.
O
Algarve está intrinsecamente ligado à aventura de um povo que ousou
desafiar o mar, cruzou cinco continentes, conheceu novas culturas e
estabeleceu raízes "além da Taprobana", como escreveu
Luís Vaz de Camões em 'Os Lusíadas. A marca pioneira da região
nesta epopeia não vem ao acaso: o Algarve tinha vantagem no
posicionamento geo-estratégico e o povo algarvio do litoral tinha
uma relação, quase, umbilical com o mar. O Infante Dom Henrique
reconheceu as potencialidades e instalou na região o centro
nevrálgico dos Descobrimentos. Só após a sua morte, foram
centralizados em Lisboa.
Os
Descobrimentos portugueses marcaram o rumo da História mundial ao
mesmo tempo que fundearam um vasto e riquíssimo património em
vários pontos do Algarve. O mais reconhecível dessa época, e o
mais visitado a sul do Tejo, é a Fortaleza de Sagres, onde se pode
encontrar uma rosa-dos-ventos desenhada no chão e uma muralha
corta-ventos. A poucos quilómetros, encontra-se o Farol do Cabo de
São Vicente, construído no início do século XVI para contribuir
para a segurança dos navegadores.
Lagos,
que terá sido a terra natal de Gil Eanes, era por aquela altura o
centro nevrálgico para caravelas que ali fundearam e navegadores que
dali partiam em expedições, que permitiram descobrir as ilhas
atlânticas e cidades do norte de África. As muralhas e as arcadas
recordam a importância da localidade como entreposto de comércio e
o Forte do Pau da Bandeira é um elemento representativo das
fortificações marítimas. O título de 'capital dos Descobrimentos
portugueses' assenta-lhe tão bem, que ali foi criado o Museu de Cera
dos Descobrimentos.
Também
Tavira teve um papel de relevo nesta época. Após a conquista de
Ceuta, o Infante Dom Henrique foi armado cavaleiro nesta cidade, que
viu partir muitos soldados para as conquistas do norte de África,
sendo um porto de apoio a exércitos e armadas. Haveria também ser
um porto de exportação de produtos nacionais, como peixe salgado,
frutos secos ou vinho.
Os
Descobrimentos marcaram uma época e continuam a marcar o património
histórico-cultural do Algarve e das suas povoações, que se
materializa em monumentos, palácios, igrejas, conventos,
fortificações ou na réplica de uma nau quinhentista.
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