sexta-feira, 18 de março de 2016

Património Marítimo já tem quem o preserve

Foto: Paulo Viegas Photography
O património marítimo do concelho de Tavira já tem uma associação que pretende defendê-lo e valorizá-lo em diversas vertentes. A Lais de Guia - Associação Cultural do Património Marítimo foi criada para desenvolver um trabalho de salvaguarda e divulgação do espólio material, histórico, oral, social e cultural.
 
O nome da Associação não é por acaso. Lais de Guia é um nó típico, simples e de confiança, feito nas artes de pesca e marítimas e um dos primeiros a ser ensinados nestas áreas. É o ponto de partida para conservar e divulgar um património que vai muito além dos vestígios históricos, mas também está presente nos saberes das gentes.
 
Brígida Baptista, uma das fundadoras, explica que o trabalho dos membros da Lais de Guia, é "tentar olhar de outra forma, com outra perspectiva, e ver como podemos valorizar certas coisas que não vemos noutro sítio". E é um trabalho extenso e vasto dada a riqueza do património.
 
"O objetivo é a salvaguarda e valorização do património marítimo, do espólio que ainda existe, da armação do Barril, da própria Santa Luzia com as suas gentes", descreve Brígida, pós-graduada em Arqueologia Náutica e Subaquática e mestre em Arqueologia. "Temos histórias das armações de atum, do bacalhau e, no início do século XX, do polvo", continua, sublinhando que o objetivo é "pegar nestas singularidades e mostrá-las de outra forma".
 
A História motiva o trabalho da Lais de Guia. "Tavira foi um grande porto de mar, tanto na pesca da baleia, como pesca do atum, teve uma grande importância tanto na construção naval para a Coroa, como porto de importância de apoio às praças portuguesas que a Coroa tinha no norte de África", relembra Brígida. E "tudo isso fez o nosso quotidiano fluvial e marítimo estar tão presente hoje em dia e é isso que tentamos não perder", garante.
 
Também Santa Luzia é um lugar importante neste registo histórico. Existindo há vários séculos, em 1910, a aldeia de pescadores tem já "um número significativo de habitantes e uma grande importância para o município de Tavira". Da vida ligada às várias atividades pesqueiras, à armação que durante anos se constituía na Praia do Barril para a pesca do atum, ou na importância de ser o único porto nacional a dedicar-se em exclusivo à pesca do polvo, Santa Luzia tem gentes e histórias para preservar.
 
A Associação é composta por uma equipa multidisciplinar, como explica Brígida: "Temos a parte da arqueologia, a parte da fotografia, uma historiadora, pessoas de terra, uma guia-intérprete para passeios e turismo, colaboramos com pessoas ligadas à pesca, à construção naval".
 
Formada em dezembro de 2015, tem já um programa de atividades para dar a conhecer o património. "Queremos dar continuidade às rotas turísticas - a rota do polvo e a rota do atum, - queremos fazer tertúlias, que esperamos que seja mensal, com convidados e workshops".
 
As atividades estão abertas tanto à comunidade portuguesa como estrangeira. "Queremos ter atividades em que conseguimos falar em português, mas também em inglês e captar todos os públicos". Para saber mais sobre a Associação e o seu trabalho pode fazê-lo através do mail associacaolaisdeguia@gmail.com ou consultar a página no Facebook.

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