quarta-feira, 4 de maio de 2016

A Santa que ao mar tirou e deu peixes


Reza a lenda, registada nas cantigas do rei Afonso X, que havia em Faro a imagem de uma Santa adorada pelos povos cristãos dedicados à atividade da pesca, que perdurou durante a conquista muçulmana. O povo continuou a prestar adoração à Santa, que se encontrava numa das muralhas da cidade, apesar da nova religião dominante.
 
Quem não gostava deste ritual era o príncipe Aben Mafonno (séc. XIII) que, incomodado por ser um símbolo cristão, a mandou retirar e jogar ao mar. A partir desse momento, deixou de haver peixe no mar. Durante meses a fio, os pescadores iam à ria e regressavam com as redes vazias. A escassez de peixe estava já a provocar uma grande fome.
 
A lenda deriva neste ponto: terão sido os cristãos a pedir aos muçulmanos para retirar a Santa do mar para terminar com o tormento ou terá havido uma aparição no cruzamento das muralhas, que terá revelado ao povo que, se a imagem deixasse o mar, voltaria a haver peixe.
 

A Santa foi mesmo resgatada do mar e, quase imediatamente, passou a haver peixe e terminou o período de privação. O milagre, como foi entendido na altura, acabou por se tornar um marco importante na queda da ocupação islâmica em Faro e também por todo o Algarve, que aconteceu em 1249, por Afonso III.

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