Reza
a lenda, registada nas cantigas do rei Afonso X, que havia em Faro a
imagem de uma Santa adorada pelos povos cristãos dedicados à
atividade da pesca, que perdurou durante a conquista muçulmana. O
povo continuou a prestar adoração à Santa, que se encontrava numa
das muralhas da cidade, apesar da nova religião dominante.
Quem
não gostava deste ritual era o príncipe Aben Mafonno (séc. XIII)
que, incomodado por ser um símbolo cristão, a mandou retirar e
jogar ao mar. A partir desse momento, deixou de haver peixe no mar.
Durante meses a fio, os pescadores iam à ria e regressavam com as
redes vazias. A escassez de peixe estava já a provocar uma grande
fome.
A
lenda deriva neste ponto: terão sido os cristãos a pedir aos
muçulmanos para retirar a Santa do mar para terminar com o tormento
ou terá havido uma aparição no cruzamento das muralhas, que terá
revelado ao povo que, se a imagem deixasse o mar, voltaria a haver
peixe.
A
Santa foi mesmo resgatada do mar e, quase imediatamente, passou a
haver peixe e terminou o período de privação. O milagre, como foi
entendido na altura, acabou por se tornar um marco importante na
queda da ocupação islâmica em Faro e também por todo o Algarve,
que aconteceu em 1249, por Afonso III.
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