A
Balsa ocupava cerca de 45 hectares, não incluindo os
subúrbios, dos terrenos que nos dias de hoje são conhecidos
como Torre de Aires, Antas e Arroios, na freguesia da Luz de Tavira
e, no seu apogeu, seria maior que Olissipo ( Lisboa), ou
Ossonoba (Faro). A sua existência é citada por Pompónio Mela,
Plínio-o-Velho e Ptolomeu, nos séculos I e II D.C. Nessa época já
cunhava a sua própria moeda e tinha sido elevada ao que hoje
podemos comparar com município.
O
nome terá origens fenícias, o primeiro povo a instituir ali um
povoado até à conquista romana. A partir daí, a cidade ganhou
importância, sofreu um grande desenvolvimento urbano e conheceu
um crescimento demográfico. Balsa era então um importante centro
económico a sul da Lusitânia, onde circulava a elite mercantil e
eram transacionados metais, carne e tecidos.
Do
apogeu urbanístico ainda é possível saber que a cidade
estava ligada por várias vias ao resto da da Lusitânia, tinha
um porto interior, um teatro, dois fóruns, circo, termas e duas
fábricas de produção e conservas de peixe, uma atividade
tradicional na região. Nos arredores, existiriam também uma
barragem, aqueduto, necrópoles, fornos industriais e villas,
edificações tipicamente romanas geradas pela alta burguesia.
Depois,
começou o declínio, que ainda teve períodos de recuperação
económica. As razões para a queda da Balsa não são
completamente conhecidas, mas há indícios que tenham sido
financeiras, políticas, económicas, sociais, fiscais e
demográficas, a que se juntaram epidemias e sismos, numa altura
em que os alicerces do próprio Império Romano começavam a
ruir.
A
Balsa permaneceu esquecida durante séculos até ser descoberta já
no século XIX por Sebastião Estácio da Veiga e Augusto
Teixeira de Aragão, numa época que o crescimento da atividade
agrícola no Algarve contribuiu para a destruição dos vestígios. A
partir daí, a cidade tem sido alvo de pilhagens e outras ações de
destruição, sem que o seu património fosse devidamente estudado e
salvaguardado.
Os
vestígios arqueológicos mantiveram-se enterrados até à decada de
70, quando a zona passou a ter interesse urbanístico e foi
permitida a construção de urbanizações. Ainda assim, em
1977, foi feita uma prospeção, que permitiu dar consistência ao
conhecimento arqueológico da Balsa. Em 1989, foi feita nova
prospeção que permitiu chegar a importantes descobertas,
apesar da destruição já causada pelas construções.
Persistem
alguns objetos romanos valiosos em coleções arqueológicas privadas
e públicas. No Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, estão
conservados alguns vestígios da coleção que Sebastião Estácio da
Veiga recolheu quando fez as primeiras descobertas.
Os
vestígios e a história não têm sido suficientes para que as
entidades e organizações competentes tenham consertado uma
ação para explorar e investigar aquela que pode ter sido a cidade
mais importante do seu tempo no Sul da Lusitânia. Em contrapartida,
as entidades competentes aprovaram em 2014 a ocupação dos solos com
explorações agrícolas privadas, apesar de integrarem atualmente a
Reserva Ecológica Nacional do Parque Natural da Ria Formosa.
A
Associação Campo Arqueológico de Tavira desenvolveu, até 2011,
atividades para recuperar a memória da Balsa e promover explorações
para alargar o conhecimento sobre a cidade. Atualmente, existe a
circular uma petição pública - em Petição
Pública -, com
o objetivo de salvar a Balsa e que já conta com mais de 400
assinaturas.
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