É
um ícone da gastronomia algarvia e não há restaurante que se preze
que não a tenha na sua ementa. A cataplana junta na mesma mesa os
sabores do mar, do barrocal e da serra, bem acompanhados de ervas
aromáticas. É a junção desses sabores ricos que tanto atrai o
paladar de algarvios e turistas.
O
termo cataplana tanto denomina o prato como o utensílio em que é
cozinhada. A panela metálica, originalmente de cobre ou latão, é
formada por duas partes côncavas, unidas por uma dobradiça e fechos
que permitem que se unam de forma estanque. Os alimentos são
cozinhados a vapor, a baixa temperatura e de forma lenta.
Da
origem da cataplana na gastronomia algarvia pouco se conhece.
Pensa-se, apesar de não haver registos, que se terá difundido por
influência árabe, uma vez este tipo de utensílio tem conexão com
a 'tijane' de barro, usada por povos do Norte de África. Mas há
também quem diga, de forma ainda menos documentada, que poderá ter
sido inspirada em bivalves da Ria Formosa, como as amêijoas, devido
às semelhanças físicas e ao facto de serem muito usados em
diversas receitas.
A
mais famosa das cataplanas é a de peixe e marisco, mas cada receita
pode incorporar quase todos os sabores que a imaginação e o gosto
conseguirem unir ou os produtos típicos da zona geográfica onde é
confecionada.
No
litoral, as cataplanas vivem de peixes e os mariscos. Há de
bivalves, sardinha, raia e amêijoas ou mexilhões e beldroegas, de
camarão, de polvo com batata-doce, de litão e feijão-branco ou de
barriga de atum, só para dizer algumas.
Já
no Barrocal algarvio, predominam os sabores da terra e as carnes
domésticas, como borrego com figos, galinha com batata-doce,
ervilhas com chouriço, favas com enchidos e entrecosto, peras, vinho
e especiarias ou de bacalhau.
E
para manter o apetite subimos à serra, onde encontramos os sabores
da caça conjugadas com produtos locais e peixes de rio. É o caso da
cataplana de lebre, de javali, de perdiz com cogumelos-silvestres, de
coelho-braco e túberas, de enguias com milho branco, de peixe-mujo
com hortelã da ribeira, de lampreia, achigã e poejo ou migas de pão
com café.
Com
tanta variedade, o difícil é escolher. A cataplana é por si um
símbolo do património gastronómico algarvio que partilha a
notoriedade com os melhores sabores da região.
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