segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

De Sagres para o começo do mundo


A beleza natural aliada à humanidade e à espiritualidade confere à Ponta de Sagres um catáter místico. Há quem lhe chame por isso o Promontório Sagrado, também pela vertente religiosa que assumiu desde tempos remotos. Por uma ou outra razão, o extremo sudoeste da Europa continental continua a atrair visitantes, que continuam sem desvendar o mistério deste local.

Os vestígios mais antigos encontrados na Ponta de Sagres datam do período Neolítico, entre o século quarto e o terceiro a.C., com a presença de menires e cromeleques a assinalar já a componente espiritual da zona.

O nome 'Sagres' deriva da presença romana na região. Também este povo se encantou pela região, onde o pôr-do-sol dava nova vida à agua. Da sua presença, restam ainda uma residência, termas e tanques de salga de peixe e até um centro de cerâmica com três fornos que seriam usados na produção de âncoras.

Já durante o período cristão, foi construída uma ermida em honra de São Vicente, cujo corpo ali terá dado à costa. A Igreja do Corvo, nome dado pelo pássaro que seguia o cadáver do mártir, chamou ao apelo de peregrinos, que ali rumaram durante séculos, mesmo quando a Dinastia Omíada já governava a região e a ermida se passou a denominar Kaniçat al-Ghurab, juntando cristãos e muçulmanos.

"Aqui onde termina a terra e o mar começa" havia de marcar também o início de uma nova era a uma escala, à época, desconhecida. Seria no cabo do mundo, como durante séculos foi conhecido, que o Infante Dom Henrique delineou os planos para conquistar além mar. Essa primeira marca na globalização valeu ao Promontório o título de Património Europeu, atribuído pela União Europeia.

A Fortaleza de Sagres, um prolongamento humano do rochedo natural, foi construída durante o século XV, durante os planos expansivos portugueses. A sua importância levou o pirata Sir Francis Drake a destruí-la durante o século XVI. Mais tarde voltou a ser reconstruída e foi durante séculos a principal praça de guerra do sistema marítimo geo-estratégico. Atualmente está classificada como Monumento Nacional e é o espaço cultural mais visitado a sul do Rio Tejo.

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