Já
foi vista como uma erva daninha que invadia e se apoderava das
terras, mas atualmente é apontada como uma erva gourmet. Falamos da
salicórnia, uma planta também conhecida por 'sal verde', e que
cresce em ambientes salinos como os que existem na Ria Formosa. É
comestível e uma boa aposta para substituir o tempero do sal.
A
salicórnia é uma planta halófita, que cresce espontaneamente em
ambientes salinos e, por isso, tolerante à água salgada. Mede entre
30 a 40 centímetros e é muito semelhante aos espargos verdes, daí
também ter a denominação de 'espargos do mar'. É suculenta e
crocante e tem a vantagem que pode ser integralmente aproveitada na
gastronomia, incluindo as sementes. O que faz dela um bom substituto
do sal é facto dela própria ser salgada e poder ser usada em
diversos pratos gastronómicos.
Apesar
de ser pouco conhecida no nosso País, é muito bem vista entre
conceituados chefs internacionais que a levaram de receitas de peixe
e marisco para pratos de carne, como o borrego. E também pode ser
usada em saladas não condimentadas. Os países do norte europeu,
como a Holanda, a França, a Bélgica, a Alemanha ou o Reino Unido,
são os maiores apreciadores desta planta, que por ter baixo teor de
sódio, é um substituo saudável ao sal, nomeadamente para quem
sofre de problemas de hipertensão.
A
sua produção ocorre apenas uma vez no ano, pelo que a melhor altura
para a encontrar é nos meses de primavera e início do verão, até
julho. Mas tem a vantagem de poder conservada no frio entre 1º a 4º
graus, durante 21 dias, como atestou a investigadora Miriam Julião,
da Universidade do Algarve.
O
crescente interesse por esta planta levou também uma investigadora
da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Marisa Ribeirinho, a
pesquisar sobre a salicórnia e os benefícios para o consumo humano
são claros. "As sementes, ricas em óleos comestíveis, possuem
grandes quantidades de iodo, fósforo, zinco e vitaminas A, C e D, e
a planta é referenciada, em estudos científicos internacionais, por
conter propriedades antioxidantes, antitumorais, diuréticas,
estéticas, entre outras”, descreve a investigadora.
Apesar
de não ser ainda muito conhecida, já começa a pertencer ao
circuito dos produtos gourmet, podendo ser encontrada em lojas da
especialidade e também em restaurantes com pratos de autor. Na Ria
Formosa, a Green Salt e a Ria – fresh já se dedicam à sua
produção e comercialização.
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