quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O mar quente e agitado do Levante


É sobejamente conhecido o fenómeno meteorológico da costa algarvia, que se faz sentir sobretudo no verão, que agita e aquece as águas marítimas. É o vento Levante, também tratado pelos pescadores como vento Sueste.

Em termos técnicos, este vento provém do Deserto do Saara, em pleno coração africano, quando as altas temperaturas provocam uma depressão no interior da Península Ibérica e que se estende até ao Norte de África, ao mesmo tempo que se instala um anticiclone na Europa Central.

Correndo de leste na região do estreito de Gibraltar, ganha velocidade quando apertado pelas placas continentais da Europa e de África e pode chegar aos 60 ou 70 kms/hora. Ao passar na região de Cádiz, Espanha, perde intensidade e chega já ao à costa algarvia no sentido sueste. Ainda assim, a força que transporta causa agitação marítima, podendo provocar em mar aberto ondas de três metros.

Em terra, quem olha para o mar quando se dá o Levante tem sentimentos mistos. O vento quente agita as águas e proporciona boas ondas para os amantes dos desportos marítimos, como surf. Mas quem está na praia para desfrutar de uns dias de relaxe, é melhor ter cuidado. As bandeiras amarelas içadas indicam que é desaconselhado nadar e os banhistas surpreendem-se com a neblina e a mudança do comportamento do mar.

Quem conhece bem o Levante, ou sueste, são os pescadores, habituados aos humores da meteorologia. Quando o vento quente chega com as grandes ondas, os barcos não saem para faina.

Mas nem banhistas, nem pescadores maldizem o vento. O Levante agita as águas e o fundo do mar liberta alimentos para os peixes, como algas e plâncton. A temperatura das águas sobe durante o fenómeno e pode manter-se assim durante vários dias, depois do mar acalmar. Para os pescadores, nessa altura há mais peixe e os banhistas podem experimentar as águas quentes da costa algarvia.

O Levante estendem-se a toda a costa algarvia, mas é no Sotavento que tem mais intensidade. Depois começa a perder intensidade a partir das ilhas-barreira de Faro, desvanecendo até chegar a Lagos e termina no Cabo de São Vicente quase impercetível.

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